segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Esquel - La Hoya

Depois do passeio por Puerto Madryn, vendo baleias, lobos e elefantes marinhos e pingüins, pairou uma dúvida: ficar mais um dia e fazer com calma aquilo que já o tinha feito e tentar esperar uma rara hipótese de alguma Orca aparecer por lá ou seguir viagem rumo a Esquel?

Para quem não conhece, assim como eu não conhecia, Esquel é uma cidade na Costa Oeste da Argentina, cinco horas abaixo da tradicional Bariloche. Cidade aconchegante e charmosa com pouco mais de 30.000 habitantes, Esquel tem muito mais atrativos do que muitas grandes cidades.

A quinze minutos de carro do centro da cidade, onde fica concentrada a maior parte da rede hoteleira, tem-se uma das menores estações de esqui do país, ‘La Hoya’. O passe diário é barato, cerca de 50 pesos, o que para nossa realidade representa pouco mais de 35 reais.

Descobri a cidade numa revista de turismo, sim! Uma revista brasileira que abordou o tema por volta de julho deste ano trouxe a tão saudosa Esquel à tona.

Sou do estilo de viajante que gosta de procurar fazer o que os ‘turistas’ não costumam fazer, ou seja, se enfurnar em pequenos lugares e conhecer o pouco tradicional. Aliás, temos que destacar aqui que turista é uma coisa e viajante é outra!

Chegando a Esquel, procurar onde ficar... Sim, eu viajei parte do tempo desta forma, sem planejar o dia seguinte, a hospedagem seguinte... Mas me arrependo em certas partes.

Cheguei cedo, cerca de sete horas da manhã e o sol se quer havia nascido! Era noite ainda e fazia muito frio.

Fui para um hostel que tinham me indicado em Puerto Madryn, El Gaúcho. Muito legal, fui muito bem recebido e atendido, mas não tinha praticamente ninguém, o que para quem viaja sozinho é um sinal de perigo... Deve-se procurar outro lugar para hospedar urgente!

Feito isso, após procurar em todos os albergues existentes na cidade, uns cinco, resolvi me hospedar no Hostel International, bem no centro. Ótima escolha!

Todos muito atenciosos e amistosos. Muita gente do mundo todo por ali... Onde tive oportunidade de conhecer gente que está viajando há meses!

Meu plano para Esquel se resumia para dois dias, no máximo três... Mas eu estava no segundo dia e recém me hospedara!

Por 30 pesos fiz um passeio muito bom e tradicional para quem visita a região: O Expresso Patagônico – La Trochita. Um trem antigo que tem todas suas características originais conservadas e faz o mesmo trajeto, ou parte dele, que fazia desde os primórdios. Cruzando montanhas cobertas de gelo, estâncias que pareciam cenográficas por causa da perfeição e beleza que tinham.




Esse passeio faz Parte da Travessia Chubut



Expresso Patagônico - La Trochita


Ao final da viagem se visita um pequeno povoado de cerca de 25 famílias descendentes de indígenas que ali viviam e que hoje se sustentam com artesanatos e auxilio do governo.

Estávamos de partida, mas e para que entrar no trem?!

Estâncias


Entre os dias que esquiei, em um deles fiz uma excursão lacustre que foi incrível!

Lago Menendez - Esquel


Glaciar de Las Torres (ao fundo - esquerda)

Fui visitar o Parque Nacional de Los Alerces. Estas são árvores milenares que crescem cerca de 0,8 a 1 mm de diâmetro por ano. Isso significa dizer que, ao estarmos diante a um Alerce com cerca de 60 cm de diâmetro, pode-se calcular que sua idade gira em torno dos 480 a 600 anos.

Alerces Milenares

Entretanto, qual seria a sensação de se estar diante de um Alerce com cerca de 2,60 m de diâmetro? Exatamente. Não há reação capaz de ser transcrita nessas páginas... estive diantes de um, pasmem, ser vivo de 2600 anos!
Ainda nesta excursão pude cruzar lagos límpidos e gélidos formados por água completamentes despoluídas e trnasparentes. E, por ser a região os pés da Cordilheira dos Andes, seus vales chegam a ter 400 m de profundidade, o que faz com que os lagos tenham até esta profundidade. Permitindo, ainda, que exista, embora eu não tenha feito o mergulho, um bosque com cerca de 300 anos de idade, formado apenas por árvores submersas. Perfeitamente conservado.

Um sonho até então não realizado era ver a neve de perto... Ali, na frente! Sentir nevar... e não deu outra! Um frio de cinco graus abaixo de zero e vento surpreendiam os visitantes que chegavam. Nevava feito filme! E para os inexperientes como eu, sem gorro, cabelos congelados!!!!



Parecia simples, colocar um esqui e deslizar... Agora, cá entre nós, é complicado demais!

Uma das melhores coisas que já fiz na vida, e olha que já viajei bastante.

Aprontei como uma criança nesses dias... Descia, subia... Engraçado que num dos dias que fui, vi muitas crianças subindo para pistas mais altas e obvio pensei: “Se elas, pequenas assim conseguem... ah... também vou!”.



Conselho: jamais pensem assim quando o assunto for esqui!

Elas são impressionantes! Sobem e descem numa facilidade incrível. E lógico, eu não.

Depois de mais ou menos uma hora e meia tentando descer pela neve fofa, sim... Por que a neve fofa é mais difícil que a consolidada! Precisei apelar para o socorro de pista... Isso aí... Um guarda subiu e me resgatou! Vergonha?! Ah... Eu estava de férias!



Outro dia, no transfer para a estação conheci Lautaro, um argentino de Buenos Aires que costuma aproveitar os tempos vagos para esquiar... Chique o negócio... Mas para eles é normal!

Lau e Eu em La Hoya


Acabamos fazendo amizade e ele me ensinou a esquiar... Tudo ia muito bem... De verdade! Descia, subia... Já estava tranqüilo. Até que, depois de horas treinando, e me sentindo seguro, subi para outra estação a qual já havíamos descido algumas vezes juntos me treinando. Só que agora eu estava sozinho, sem aquela voz de confiança do lado... putz... Descendo em alta velocidade, o que acaba sendo comum, eu não consegui fazer “la cuña” _ isso significa: não consegui frear... Assim, capotei como aquelas Vídeo Cassetadas de Domingo. Parei depois de uns vinte metros de todo meu material que, obviamente, se desprendeu do corpo e foi ficando pelo caminho. Muito figura!

Enfim, Esquel se encerrava ali para mim... era meu ultimo dia e partiria para Bariloche na manhã seguinte.

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